DEGUSTE O SABOR DAS PALAVRAS, SINTA-AS E DEIXE QUE ELAS O ENVOLVAM!

Sejam bem-vindos ao meu blog galera. Aqui divido com vocês um pouco da minha imaginaçãoa através dos meus textos.
As palavras podem provocar sensaçãoe sindiscritivies e ão prazerosas quanto o prazer fisico, e aqui,, tento mostrar que não preciso usar linguagem baixa para que isso ocorra!

Espero que divirtam-se e voltem sempre.

Abraços.

Mr. G

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Inveja





Domingo em família nunca foi um dos meus programas prediletos, mas como tudo na vida pode tornar-se ainda pior, um domingo em família para conhecer o namoradinho novo da irmã mais velha era um porre ainda maior.
Eu tinha 15 anos na época, mas me recordo como e fosse hoje. Sabrina, minha irmã, andava de um lado para o outro da casa revezando-se entre ajustar suas roupas coladas ao corpo e fazer recomendações para que meus pais tratassem bem o tal de Sergio. Pelo o que eu havia escutado pelos corredores de casa, o cara era um perfeito playboyzinho, não trabalhava e se dedicava em tempo integral a faculdade de medicina, onde torrava a grana da família com baladas, churrascos acadêmicos e clubes esportivos. Eu não via a hora de toda aquela baboseira acabar, mas fui obrigado a esperá-lo junto ao resto da família.
Pontualidade pelo menos era uma qualidade de cara, às sete da noite em ponto a campainha tocou e Sabina disparou em direção à porta. Estávamos todos sentados no sofá quando a distancia vislumbrei meu cunhado na entrada da casa, segurando flores nas mãos e exibindo um belo conjunto de dentes perfeitamente brancos e alinhados. Naquele momento, meu domingo em família ganhou uma tonalidade diferente e senti dentro de mim algo estranho, que só fui capaz de distinguir alguns minutos depois.
Os cabelos castanhos claros, estilo moicano tornavam aquele rosto ainda mais perfeito do que já era. O pescoço era grosso com pequenos pontos de barba mal feita e o peitoral apertado na camiseta branca, deixando salientar a ponta dos mamilos do cara me deixaram por alguns segundos com o olhar fixo. Mal notei quando Sérgio entrou, beijou minha mãe no rosto e com alguns tapinhas nas costas cumprimentou meu pai. Levantei-me tímido do sofá e apertei sua mão. Era um toque firme, suas mãos eram grossas, provavelmente como conseqüência de muitos levantamentos de peso na academia.
Observei discretamente os bíceps do cara se contraírem enquanto ele balançava o braço ao me cumprimentar, até vê-lo ser raptado pela minha irmã e empurrado no sofá. Meus pais foram até a cozinha terminar de arrumar a mesa, enquanto eu fiz o papel de vela na sala. Os dois pareciam ignorar minha presença, beijavam-se de forma descontrolada, Sabrina sentada no colo do rapaz, erguia sua camiseta acariciando uma bela barriga trincada sem cessar os beijos. Aquilo me enlouqueceu.
Para minha sorte, ou talvez azar, meus pais retornaram a sala antes que os dois acabassem nus rolando pelo carpete. Serviu-se o jantar, mas a tortura não foi interrompida. As carícias e os beijos de Sergio eram contínuos, o playboy era um cavalheiro, romântico, lindo e o melhor, parecia ter muita pegada.
Reconheci naquele momento o que eu estava sentindo. Aquilo que eu sentia desde o momento em que pus meus olhos sobre Sergio era desejo e o pior, eu estava com inveja. Inveja de minha própria irmã por ter em seus braços aquele homem que meu corpo pedia desesperadamente para tocar.
Retirei-me da mesa cedo demais. Fui para meu quarto e ali fantasiei. Olhando para o teto enxerguei meu cunhado sorrindo e se despindo. Meu coração se acelerava à medida que a inveja e o desejo progrediam. Horas se passaram e eu, quase adormecido fui atender aporta do meu quarto, a qual alguém chamava por meu nome.
Sergio segurava algumas almofadas do sofá da sala e com olhar terno se dirigiu a mim:
-Brotherzinho, acabei me esquecendo da hora, perdi o ultimo ônibus e vai ser difícil encontrar algum táxi há essa hora, sua mãe disse que eu podia dormir aqui com você. Tem algum problema? Você tem um colchão extra aí não tem?
Fiquei imóvel, era bom demais para que eu pudesse acreditar que aquilo era verdade. De qualquer forma tentei parecer natural, sorri sem graça e o convidei para entrar. Trocamos uma meia dúzia de palavras, mas eu estava nervoso demais para manter uma conversa decente e ele logo desistiu. Ajeitamos juntos o colchão logo a baixo da minha cama e com outro sorriso carinhoso, recebi um desejo de boa noite do cara e assisti a cena mais linda que eu havia assistido até então.
Sergio era muito forte, despiu-se de sua camiseta e deixou totalmente a mostra a barriga que vi minha irmã acariciar algumas horas atrás, bem como o tórax definido que observei espremido na camiseta justa. Era mais irresistível do que eu havia imaginado.
Seus mamilos eram pequenos e delicados, de uma tonalidade escura que contrastava com sua pele alva. Seu corpo era liso e provido de detalhes que não escaparam aos meus olhos. Tentei esconder que o encarava, mas foi impossível, observei cautelosamente cada curva formada no corpo daquele homem pelos inúmeros músculos e perdi meu autocontrole. Meu êxtase aumentou quando Sergio despiu-se da calça, suas coxas eram enormes e assim como todo o resto do corpo, revestidas por músculos alongados e viris, alguns pelos cobriam-na e a deixavam com um charme ainda maior, a cueca branca estilo boxer não ocultava os detalhes mais íntimos do corpo do cara. Pude perceber o contorno perfeito do seu pênis espremido na cueca, junto aos testículos, que pelo volume pareciam ser bem grandes. Apenas a luz da minha escrivaninha estava acesa, talvez esse fosse o motivo pelo qual meu cunhado não disse nada quando me viu secá-lo sem pudor. A iluminação insuficiente deve ter feito com que fosse imperceptível a expressão de desejo em minha face. Agradeci por isso.
Observei-o sem interrupções, o vi deitar no colchão, com as costas largas voltadas na direção da minha cama e suas nádegas perfeitamente redondas completando a visão divina, notei também quando seus suspiros tornaram-se mais intensos e ele caiu no sono. Não conseguiria dormir se não cedesse aos meus desejos, recordei-me das cenas de carinho e desejo implícito entre o cara que dormia seminu bem na minha frente com minha irmã, recordei-me da inveja que me dominou, e fui impulsionado a seguir meus instintos.
Desci sem medo de minha cama e o toquei sutilmente com medo de acordá-lo, mas satisfeito em sentir o calor daquela pele em minhas mãos. Estava sentado no colchão olhando diretamente para aqueles músculos da barriga, segui-os com os olhos até encontrar com uma cueca bem preenchida e senti-me ainda mais fraco. Estava cometendo a maior loucura da minha vida, tocando o peito do namorado da minha irmã, na minha própria casa, com toda a família presente em seus respectivos quartos e ainda pro cima desejava ser ainda mais ousado, queria segurar no volume escondido por aquele pedaço de pano. Ou pior, queria tira-lo, deixar meu próprio cunhado nu e tocá-lo sem receio. Foi ai que percebi uma coisa que acabei levando comigo por toda minha vida, quando você está dominado por um dos sete pecados capitais, a loucura vem de imediato como brinde e você torna-se totalmente vulnerável ao poder de ambos. Insensato ou não, imoral ou não, louco ou não, tudo o que me importava naquele momento era o homem que dormia tranqüilo em meu quarto. Deslizei minhas mãos carinhosamente do peito até a barriga, aumentando progressivamente a pressão dos meus dedos, que antes temiam acordá-lo e alcancei o objeto de desejo dos meus olhos e de todo meu corpo.
Foi incrível a sensação de tocar no órgão mais intimo de outro homem, o calor era intenso, a maciez era incrível, percorri com os dedos os contornos explícitos sobre a cueca e notei uma súbita mudança de estado do que estava ali dentro. Levantei-me rapidamente atordoado e com medo das conseqüências que estariam prestes a vir. Não sei se o cara havia acabado de acordar ou se há muito fingia dormir, mas os belos olhos de meu cunhado destacaram-se na escuridão do quarto. O cara sentou-se no colchão e sorriu de uma forma sacana. Minha pequena experiência de vida, nunca havia me colocado frente a frente com um sorriso tão pervertido como aquele. Meu coração acelerou-se e entrei em pânico. Precisava pensar rápido, dizer algo plausível antes que todos os meus segredos acabassem jogados em cima da mesa para frustração e comentários de toda a família, da pior forma possível.
- Cara desculpa, eu não sei o que deu em mim, eu só estava curioso... Eu...eu... – Tentava me justificar, mas nada surgia em minha mente, observava a expressão intacta de Sergio, que parecia estar se divertindo com toda a situação e aquilo fez aumentar meu temor. Toda a adrenalina gerada pelo fato de estar cometendo um pecado evadiu-se junto com a minha coragem súbita.
Sergio tocou meu lábios com o dedo indicador, fazendo o sinal de silencio, e nem por um segundo deixou de sorrir. Aquilo não me acalmou nem um pouco e eu continuei tentando buscar por meios de me explicar.
- Para ser sincero, eu só queria ver, eu tenho muito medo de não ter um “menino” normal, eu queria ver como era o tamanho do de um cara mais velho como você, é só isso... Você deve estar imaginado muitas coisas sobre mim, mas é sério cara. Juro que era só isso o que eu queria fazer! Por favor, me entenda, não conta para a Sabrina, não conta para os meus pais... – Comecei a corar e senti algumas lágrimas se acumularem no canto dos meus olhos.
Meu cunhado continuou em silencio e pareceu incomodado com meu falatório, aproximou-se ainda mais de mim e tomou minha mão com a sua.  Colocou-a de volta onde estava minutos antes de toda aquela confusão e sussurrou em meu ouvido, causando-me arrepios intensos e me enchendo de entusiasmo:
- Deixa de paranóia cunhadinho, eu sei o que você quer, e eu posso te afirmar que eu também quero muito isso, continua de onde parou, continua com seu carinho, ele estava me proporcionando os sonhos mais incríveis que você pode imaginar.
Aquela frase proferida de forma abafada rente ao meu ouvido foi mais do que uma bandeira branca. O medo deu lugar ao desejo novamente e o abracei. Como um bom menino, o obedeci e deslizei minhas mãos no mesmo lugar onde ele as abandonou, dessa vez sem qualquer tipo de receio, enfiei dedo por dedo na borda da pequena peça de roupa e senti a pele ainda mais quente. Aprofundei a mão e o alcancei, nessa hora obviamente, não mais tão macio e sim firme, o membro pulsava demonstrando fisicamente o que eu provoquei no estado psicológico daquele homem. Fiquei tão tocado quanto Sérgio automaticamente.
Puxei toda a cueca e pude velo com detalhes frente a frente comigo, separados apenas por centímetros, pude inalar o leve aroma masculino que se dispersava dele. Era como se fosse um convite para que eu me aproximasse ainda mais. Olhei para Sergio com incerteza, para poder garantir que o desejo do seu corpo era também o desejo de sua mente, e com um sorriso e um aceno de cabeça o homem deixou claro suas vontades, me  permitindo concluir que sim. Ao passo que me aproximava o perfume aumentava e era ainda mais tentador, fui incapaz de resistir, encostei-o em meu rosto, para senti-lo próximo, ardente e tentador. A sensação era nova, porém parecia que eu estava familiarizado com tudo aquilo, acariciei-o com a pele do meu rosto por vários minutos, sem deixar de procurar periodicamente o olhar do meu cunhado, onde durante todo o tempo eu encontrei malicia, satisfação e muitas coisas ocultas as quais fui incapaz de desvendar.
Liberei-me totalmente e me deixei  levar somente pelo desejo, esquecendo tudo, beijei o pênis de Sérgio como se estivesse provando um novo sabor de sorvete, pelo qual me apaixonei instantaneamente. Percebendo a reação do cara, não hesitei e permiti que meus lábios e minha língua fossem os instrumentos da satisfação total de Sérgio. E assim foi, à medida que recebia o afago do meu cunhado em meus cabelos, ouvindo como fundo gemidos abafados, reprimidos, mas intensos, reconheci o poder que eu mesmo tinha. Eu era capaz de muita coisa, um leque de possibilidades e fantasias abriu-se em minha mente.
Sem entender muito, vi Sergio afastar meu rosto. O cara deitou-me sobre o colchão, retirando a camiseta do pijama que eu vestia, acariciou meu peito suavemente e baixando a parte inferior de seu corpo junto ao meu, deixou que toda sua excitação se tornasse visível.  Olhei para meu próprio corpo e mal pude acreditar no que havia acabado de acontecer, me sentia confuso, mas o prazer era tanto que não pude pensar em nada. Sérgio deitou-se ao meu lado ainda nu, acariciou novamente minha barriga, agora estampada com a concretização do seu desejo, e brincou.
Tê-lo ao meu lado era indescritível. Meu cunhado foi muito carinhoso, mesmo com suas mãos firmes, tocou-me me suavemente por dentro da cueca. Eu era fraco, talvez muito novo, aquela situação toda era boa demais para mim, nova de mais para mim, por isso em segundos deixei com que o que eu sentia também se revelasse aos olhos de Sérgio. Vi a alegria nos olhos daquele homem, pareceu que assim como eu, Sergio havia desejado aquele momento.
Recebi por mais alguns minutos cafuné  e carinho em todo o corpo. O cara tinha um certo cuidado de pai comigo, parecia preocupado com o que eu estava sentindo, com a minha satisfação. E foi assim que com os dedos de Sérgio acariciando meu rosto adormeci.
O dia seguinte foi frustrante. Acordei e me vi só no quarto, o colchão extra guardado em seu devido lugar e eu estava completamente vestido e sem a companhia dele ali. Foi constrangedor enfrentar minha irmã logo no café da manhã, meu silencio predominou durante todo o dia, e assim foi por um bom tempo. Relembrei por muito tempo aquilo que vivenciei, e recordei muitas vezes como foi intenso o poder da inveja em meu intimo. O pecado que antes eu julgava indevido, proporcionou-me pela primeira vez uma amostra do que era sentir-se desejado.
Infelizmente, Sabrina acabou espantando Sérgio antes que pudéssemos nos reencontrar e com ele eu pudesse experimentar novas sensações. O namoro acabou dias depois daquela visita. Minha irmã surtou depois de encontrar mensagens de uma ex-namorada de Sérgio, um tanto quanto indiscretas em seu celular e decidiu acabar com tudo. Nunca mais o vi.


Aguardem: próximo conto dá série PREGUIÇA

sábado, 15 de janeiro de 2011

Sete Pecados

Uma nova série de contos para a galera!!!

Introdução



Nunca fui santo, apesar de muitos acharem que sim. Por de trás do meu sorriso inocente e da minha carinha de bom moço, sempre se escondeu um cara pervertido, de certa forma inescrupuloso, que sempre faz de tudo para conseguir o que quer. E eu vos confesso que sempre consigo.
Quando entrei na adolescência, por volta dos meus 13 anos, mergulhei naquela onda que todos acabam entrando nessa fase de mudança. Procurava todos os dias por alguém que se dispusesse a estar ao meu lado e me fazer feliz, alguém que eu pudesse respeitar e amar. Foram muitas as tentativas, mas todas acabaram frustradas, provavelmente minha orientação sexual foi um fator agravante na hora da busca pela minha metade da laranja. Sabemos que as maiorias dos homossexuais, bissexuais e afins só se interessam pela satisfação sexual e a vida a dois não faz parte dos planos de muitos deles. E é por isso que resolvi mudar, tornando-me o que sou hoje, um homem que sabe valorizar a si mesmo antes de qualquer coisa, qualquer sentimento e principalmente, qualquer um.
Não deixei que a tal “opção” sexual atrapalhasse meu prazer e a minha diversão. Agora vivo para mim e por mim, sem me preocupar com a opinião alheia. Foi esse novo estilo de vida que me levou a cometer aquilo que a sociedade batizou de “Os sete pecados capitais”: Inveja, Preguiça, Ira, Avareza, Gula, Vaidade e Luxuria.  É sobre como me perdi pelos caminhos tentadores e irresistíveis de cada um desses pecados que relatarei minhas histórias.



E para começar a brincadeira, nada da melhor que um pouquinho de INVEJA!

Aguardem o primeiro conto da série.

Drácula Contemporâneo - Parte Final - Um beijo para eternidade

Olhar para cima e constatar que não existe um teto sobre sua cabeça não é uma das experiências mais agradáveis de vivenciar quando você acaba de despertar de um desmaio. A sensação de desconforto é maior ainda quando você recorda que nos últimos minutos antes de cair sonolento, você estava metido em uma confusão das boas e trazia como recordação desta, alguns roxos espalhados pelo corpo. O céu estava lindo, isto era fato. Mas não saber onde eu estava e como estava meu estado físico com maiores detalhes fez com que a insegurança me tomasse rapidamente.
Ouvi passos suaves se aproximarem, podia identificar o mínimo som dos sapatos de quem quer que fosse que estava caminhando, quebrando a grama alta e úmida de onde eu me encontrava deitado. Apoiei meus cotovelos no chão, ensaiando para me levantar, mas a dor foi tanta que desisti.
- Que bom que acordastes! Tu me deixaste preocupado. Ainda sentes alguma dor?
Não estava sonhando! Pelo menos não desta vez, identifiquei aquela voz terna imediatamente, o forasteiro abaixou-se ao meu lado sorrindo e novamente acariciou-me. Era incrível como suas mãos estavam sempre gélidas, era incrível como sua pele era sempre tão pálida. Comecei a analisá-lo em silencio por algum tempo, primeiro demorei-me aqueles olhos negros como a noite e não pude deixar de perder o fôlego, parecia que algum poder misterioso fazia com que eu me prendesse aquele olhar e não pudesse enxergar nada além dele. Os músculos pálidos, mas não menos belos do corpo do forasteiro estavam expostos, como na primeira vez em que o vi, desta vez, como a proximidade era maior, pude perceber a perfeição das delineações que contornavam cada um deles dispostos perfeitamente naqueles braços, naquele peitoral largo e naquela barriga bem definida. Desejei tocá-lo. O medo que aquele homem me causava nos primeiros momentos em que eu me pegava pensando nele estava totalmente extinto. Naquela hora, senti que podia confiar naquele estranho que há pouco havia me salvado.
- Obrigado!
Fui tomado por uma coragem súbita e o agarrei, senti a pele fria do seu peito nu tocar meu corpo, acariciei aquelas costas largas e viris por muito tempo, e para minha satisfação, não fui impedido e muito menos rejeitado. O forasteiro correspondia, acariciava-me ao mesmo passo com que eu o tocava e me deixava tonto. Mantivemos o contato visual durante todo esse tempo, ele me paralisava com seus olhos, que nesse momento encontravam-se próximos demais dos meus, e eu desejava aquela boca. Eram lábios finos, pálidos, mas pareciam ter sidos desenhados com minúcia e boa vontade.
Não precisei tomar iniciativa, fui beijado e adorei. Era de certa forma estranha aquele beijo, a sensação era como se eu estivesse beijando alguém que havia chupado uma daquelas balas de hortelã bem refrescante durante 24 horas, era um beijo gelado como tudo naquele homem, mas era molhado, intenso e eu desejava mais. Toquei os cabelos do estranho acariciando-o e senti suas mãos gélidas me despindo.
Pensei em Pará-lo, mas não havia motivos para que eu fizesse isso, eu desejava aquele momento em meu íntimo desde a primeira vez que encontrei aquele homem e estava prestes a torná-lo parte de minha realidade. Esqueci completamente meus pudores, mal me importava com que lugar estava e se alguém me assistia, assim como eu havia feito com Pablo e Janaina. O virei e deixei suas costas sobre o gramado, abaixei-me e beijando cada centímetro do seu corpo alcancei o zíper de sua calça. Assim como o desconhecido havia feito comigo, deixei-o nu em meio à relva noturna.
Tocando as partes que antes me eram obscuras, deixei-me arder em uma brasa avassaladora, que nem mesmo o corpo frio do homem era capaz de minimizar. As mãos firmes do forasteiro me trouxeram de volta para seu rosto, e nos beijamos mais uma vez. O contato dos nossos genitais era como uma mistura perfeita e explosiva, eu por um lado fervendo e aquele homem gélido, mas não menos envolvido no desejo. 
                Em momento algum senti a respiração do desconhecido sobre minha pele, mesmo quando estávamos colados demais e seria impossível não constatar alguma inalação de ar. Não me deixei incomodar. Entreguei-me  de corpo e alma, desfrutando com todos os meus sentidos aquele momento, segurando com força as nádegas daquele homem que me amava, olhando para todo aquele corpo escultural que me envolvia, sentindo o perfume suave de seu corpo, provando o sabor de sua pele ao beijá-lo sem me deixar inibir e o ouvindo sussurrar em meu ouvido.
                - Desde a primeira vez que eu o vi, eu sabia que era tu. Tu és o meu escolhido para eternidade.
                As palavras me atingiram, mas não surtiram efeito, não compreendi o que o forasteiro havia dito, mas nada me preocupava. Passar a eternidade ao lado daquele homem seria o maior presente que eu poderia receber. Meu corpo foi incapaz de resistir a tanta volúpia, e acabou cedendo, me esbaldei em prazer, deixando- o sujo com aquilo que denunciava minha satisfação.
                - Você é tudo o que eu preciso. – disse eu encarando-o- Viver ao seu lado o máximo que eu puder, seria o sonho mais lindo que eu poderia ter.
                - Mas tu não sabes nem que eu sou. Não temes nada que possa acontecer vivendo ao meu lado?
                - Como posso temer algo em seus braços? Nunca me senti mais seguro. Sou seu agora e sempre.
                Estava prestes a questioná-lo sobre sua identidade, quando o forasteiro levantou ainda excitado, ajoelhou-se ao meu lado, colocando minha cabeça em seu colo, e aproximou sua boca dele. O cara beijou meu queijo, tocou-me carinhosamente, e deixou meu pescoço a vista. Olhei sem entender e o vi beijando minha nuca. O desconhecido olhou-me novamente e deixou à mostra aquilo que revelava sua verdadeira identidade. Dentro da boca perfeita, além de vários outros dentes incrivelmente cuidados e perfeitos, destacavam-se dois caninos afiados. Achei-me louco, mas naquele momento compreendi tudo.
                Muitos com certeza teriam fugido, mas não. Eu o queria, e não me movi, percebendo minha deixa, o forasteiro cravou suas presas em mim. Admito que houve dor, mas foi incrível como mesmo diante dela, aquele homem me saciava. Senti algo em meu corpo se modificando vagarosamente. Puxei seu rosto do meu pescoço e o levei a minha boca, sentindo o gosto de meu próprio sangue na língua daquele homem. Por fim, o abracei.
                - A eternidade será repleta de amor e prazer ao seu lado, meu Drácula!


FIM

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Drácula Contemporâneo Parte III - Ameaçado





                Passei a manhã toda desconcentrado no trabalho, mal podia ler os documentos que me eram entregues, meus temores ocupavam toda minha mente e a impediam de ser direcionada para qualquer ponto distinto a eles. Antes mesmo de sair de casa para ir ao trabalho, recebi uma ligação de Pablo, que não poupou grosserias ao me ameaçar. Como eu tinha previsto, o casal percebeu que eu os havia assistido, e agora, por receio de Janaina, Pablo me ligou avisando que me encheria de pancadas se eu contasse algo do que havia visto naquela noite. É obvio que ser ameaçado não me agradou, mas era obvio também que eu não iria expô-los de forma alguma. Eu estava na hora errada e no lugar errado, e tinha preocupações demais com outros assuntos, desperdiçar meu tempo divulgando as aventuras sexuais alheias com certeza não era meu objetivo. Temia mesmo assim que Pablo cometesse alguma loucura, desde o tempo de colégio, ele era estourado e impaciente, bastava pouco para que ele saísse na briga com metade dos alunos e o pior, é que apesar de nunca ter sido muito forte, sempre levava vantagem quando o assunto era briga. Eu não estava disposto a verificar se as habilidades de luta do cara ainda continuavam as mesmas.
                 De todo esse meu pânico com a possibilidade de apanhar feio depois de anos sem levar sequer uma palmada de meus pais, nada superava a minha inquietação em relação ao que aconteceu entre mim e aquele forasteiro estranho. Os breves contatos entre a mão gélida do sujeito e minha pele provocaram-me sonhos durante toda a noite, onde o simples toque da mão do Rapaz evoluía para muito mais, e acabávamos nus em uma cama. A maneira como ele sumiu em meio à calada da noite, sem deixar vestígio algum do destino que seguiu me intrigava ainda mais. Depois daquele segundo encontro, desejava ainda mais encontrá-lo e desvendar o que de tão misterioso naquele homem me atraia.
                Estava vagando em meus pensamentos mais sórdidos quando senti meu celular vibrando no bolso da minha calça. Sabia muito bem que meu chefe detestava que os funcionários atendessem ao telefone particular dentro do escritório, e por isso mesmo ignorei a chamada até que eu pudesse ir até a cozinha tomar um café e discretamente retornar a chamada a quem quer que fosse que me ligava.
                Passados alguns minutos, sinto novamente o celular vibrar, mas desta vez, meu chefe estava longe, dirigi-me até a cozinha para tornar a probabilidade de ser flagrado nula e vi no visor do aparelho o nome que eu menos esperava e desejava ver. Era Pablo novamente. Sabia que não havia alternativa senão atende-lo, o cara seria insistente, até que eu ouvisse o que ele tinha a me dizer. Após uma pausa breve para respirar, tomei coragem e aceitei a ligação.
                - Achei que não ia atender mais! – disse Pablo em tom intolerante.
                - Cara o meu chefe estava perto, foi mal. E outra eu já disse para você ficar frio, eu não vou contar nada. O que mais você quer de mim?
                - Quero poder ter certeza disso. Nada mais!
                - O que foi agora? Minha palavra não é o suficiente? Vou ter que assinar um contrato de omissão agora?
                - Gustavo! Sem ironia meu. Mas concordo que a idéia do contrato seria uma boa. Te espero na saída do escritório hoje para resolvermos as coisas do meu jeito. Que horas você deixa o  trabalho?
                 Não pude evitar que naquele momento fosse dominado por uma raiva enorme, meu desejo era poder esculachar o cara e mandá-lo cuidar da própria vida e me deixar em paz, mas eu sabia que tratá-lo dessa forma despertaria ainda mais seu lado violento. Respirei fundo antes de responder, tentando forçar em minha voz um tom despreocupado.
                - Saio às 18 horas.
                - Ótimo, espero você sem atrasos bem em frente à porta do escritório. E espero que você esteja me dizendo o horário correto, senão serei obrigado a fazer plantão na porta da sua casa, até que você chegue.
                - Relaxa! Até mais.
                Desliguei o celular mais nervoso que antes, sabia que Pablo era realmente capaz de ficar me vigiando o tempo todo até que conseguisse dominar a situação a seu modo. “Droga!”. Pensei comigo mesmo. Fiquei ali por alguns minutos, apoiado na bancada onde os funcionários costumam preparar café, cogitando todas as hipóteses sobre o que aquele pervertido queria comigo.
                Naquele dia nem sai para o almoço, tentei me enfiar de cabeça no trabalho para esquecer o que me aguardava. O tempo passou mais lento do que o comum, mas a hora do fim do expediente finalmente chegou. Peguei minhas coisas, me despedi do pessoal e assim que coloquei o pé direito fora do escritório, lá estava ele. Pablo estava sério, de braços cruzados, a roupa descontraída, bermuda jeans e uma camiseta surrada, o deixavam com um ar de beleza rústica, mas não menos atraente. Quando me peguei reparando no físico do rapaz mais uma vez, senti vontade de me martirizar, mesmo diante de confusão, eu era incapaz de controlar meus desejos.
                Pablo não esperou que eu fosse até ele, sorriu presunçosamente ao me ver e caminhou até mim.
                - Pontualidade! Isso é uma característica que você sempre teve, desde a escola. Lembra da professora Carmem te elogiando por isso no segundo ano?
                - Lembro. – respondi de mau gosto ao cara.
                - Nós éramos felizes e não sabíamos não é Gustavo, toda aquela zuação, toda...
                - Olha Pablo, o que você quer de mim? Eu não tenho a tarde toda para ficar aqui de papo com você não, estou cansado, preciso de um banho, amanhã ainda trabalho. Tenho muito que fazer. – fui um pouco rude, mas percebi que se não o cortasse, Pablo daria voltas e mais voltas antes de chegar ao ponto no qual queria “falar” comigo.
                - Calma! Trabalhar anda te fazendo mal hein Gustavo! Já pensou em tirar férias. – Pablo estampou em seu rosto um sorriso debochado.
                Tive que controlar meus nervos, apesar de não ser do tipo que se envolve em brigas de ruas, também nunca tive sangue de barata para aturar brincadeiras idiotas, e essa minha característica acentuou-se ainda mais nos últimos dias, depois de uns encontros repentinos com um certo desconhecido misterioso.
                - já que está com tanta pressa, vamos logo ao que interessa, meu carro está logo ali. Vem comigo. – disse Pablo apontando para um gol preto estacionado do outro lado da rua.
                - O que? Pablo, você não entendeu ainda que eu estou com pressa?
- Escuta aqui meu amiguinho - Pablo segurou bruscamente meu braço direito enquanto falava, olhando diretamente em meus olhos. - Se alguém não entendeu alguma coisa aqui, esse alguém é você! Eu quero conversar com você para resolver certas pendências que nós temos e isso vai ser agora, estamos claros?
O cara me segurava firme e forte demais, puxei meu braço tentando me soltar, mas não consegui. Pablo só me soltou quando com um olhar passivo comecei a caminhar rumo ao carro.
- Continua sempre obediente! O queridinho dos professores não mudou nada! – Pablo prosseguia com sua ironia.
No carro o clima era desconfortável, o único barulho entre nós dois era o do rádio, sintonizado em uma rádio sertaneja, o que particularmente não faz meu gênero musical. Pablo parecia conhecer a todas as musicas, acompanhava a todas as canções, entoando-as de forma desafinada. Eu ficava calado, tentando utilizar o silêncio para maquiar o medo que me consumia.
Quando me dei conta, percebi que estávamos saindo da cidade, meu coração acelerou-se e o pânico cresceu ainda mais dentro de mim. Comecei a supor as idéias mais absurdas. Cheguei a considerar a hipótese de estar sendo seqüestrado pelo descontrolado Pablo.
- Para onde estamos indo? – perguntei sem conseguir disfarçar o medo em minha voz.
- Relaxa, já estamos chegando!
- Mas... Só tem mato aqui! Estamos chegando onde?
- Gustavo, faz um favorzinho para mim? Cala sua boquinha e espera?
Olhei desapontado e submisso para o cara, e voltei minha cabeça para o lado da janela. Tudo o que eu podia ver eram plantações, criações de animais e em alguns pontos, mata fechada. Aquilo estava me preocupando cada vez mais. Mal se passaram 5 minutos e Pablo parou o carro. Estávamos num terreno extenso, recoberto por lixo e mato por toda a parte.
- Sai do carro.
- Eu não vou descer aqui Pablo!
- Sai do carro! Não ouviu ainda? Quer que eu grite?
Senti-me impotente, queria reagir de alguma forma, queria ter podido evitar aquela conversa, podido ter evitado estar naquele carro, naquele lugar desconhecido. Mas não. Fui frouxo, deixei-me assustar pelo temperamento agressivo do cara e ali estava eu, sozinho com um doido no meio do nada, sem nenhum meio de pedir ajuda e cada vez mais encrencado. Abri a porta e sai do carro e simultaneamente Pablo fez o mesmo. Observei assim que sai o sorriso de satisfação estampado na cara do meu colega de escola. Pablo aproximou-se de mim, segurou seu pênis sobre a calça e com muito sarcasmo começou a despejar baboseiras nos meus ouvidos.
- Você gostou de ver o meninão do Pablo aqui na ativa não foi? Pode falar, eu sei que você adorou. - O homem acariciava seu órgão contornando-o por cima da bermuda, fazendo com que se destacassem seus detalhes e tamanho. - Mas não tem problema não Gustavinho, eu te entendo, o meninão aqui é irresistível, não é qualquer um que consegue esquecê-lo depois que o vê.
- Pablo pára com isso cara, o que você quer de mim? – Fiz um pouco de teatro ao falar, na verdade eu estava bem animado com as insinuações do cara. Imaginei se Pablo estava querendo algo comigo e logo me deixei levar pelos meus desejos, o que provavelmente ficou visível em minha expressão.
- Que carinha de safado! Você quer ver de perto não é? Confessa!
Pablo era persuasivo, e eu era fraco, se ele continuasse com aquele jogo por muito tempo eu colocaria em risco toda a reputação que havia construído e em poucos dias toda a cidade saberia sobre minha orientação sexual. Estava com os olhos fixos nas mãos e na bermuda do rapaz e não conseguia retira-los dali. Pablo abaixou a bermuda e começou a urinar bem na minha frente. Parecia que o cara estava tentando me acertar.
O comportamento daquele homem estava mais estranho do que quando estudávamos juntos, ele ria como um doido enquanto tentava me acertar com a urina e eu me afastava. Por fim Pablo parou, vestiu novamente a bermuda, aproximou-se ainda mais de mim e ficou a apenas alguns centímetros do meu rosto. Eu tive a sensação de que iria ser beijado, mas era só mais uma entre as minhas milhares de fantasias e desejos secretos. Pablo me empurrou no chão e chutou-me. Sujei-me de imediato de barro e mato, meu rosto e meus cotovelos começaram imediatamente a arder como conseqüência do contato com o solo. Estava com dor.
- Você achou mesmo que eu ia querer alguma coisa com você sua bonequinha! Gustavo, Gustavo, só você mesmo. Só te trouxe até aqui, para te mostrar do que sou capaz de fazer se você abrir sua boquinha para falar alguma coisa sobre o que viu naquela noite. E olha bem! O que eu estou te mostrando aqui é só uma amostra bem pequena do que eu sou capaz...
O ódio estava estampado no rosto daquele homem, suas sobrancelhas juntas, seus olhos cerrados, pareciam detalhar a raiva que o dominava. Limpei meus braços e me sentei prestes a levantar. Precisava reagir de alguma forma, não podia deixar com que Pablo me desmoralizasse a tal ponto. Porem, ele foi mais rápido do que meus reflexos e me empurrou novamente para o chão com os pés e dessa vez, foi além, cuspindo em mim e deixando o pé direito sobre meu peito.
Pablo começou a aumentar a pressão com os pés sobre meu peito, me deixando sem ar. Eu estava perdido, estava completamente ferrado. Lembro-me de ter visto um vulto, minutos antes de minha visão tornar-se confusa. O vulto era negro, mas ao mesmo tempo branco como a neve, era algo encantador, mas eu não era capaz de decifrá-lo. Estava a cada segundo com menores condições de respirar e mais frágil.
De repente sinto um alivio, o peso do corpo de Pablo sobre meu corpo desaparece e ouço um barulho. Era um soco, e felizmente não era eu que o estava recebendo. Pelo barulho, deduzi que quem quer que o tenha recebido deveria ter perdido alguns dentes ou ganhado alguns hematomas bem sérios. Tentei me levantar e recuperar minha respiração e visão. Continuei ouvindo barulho de socos, com certeza alguém estava brigando com Pablo. E desta vez, não era ele que saía vitorioso, considerando que todos os gemidos de dor eram entoados pela voz dele.
Bastaram mais alguns poucos minutos e ouvi o carro de Pablo afastar-se rapidamente e quase que ao mesmo tempo senti o toque frio de uma mão tocando meu rosto.
-Você está bem? Está muito machucado?
                Era a voz mais linda e agradável que eu já havia ouvido, o timbre era suave, mas me arrepiava. Era a voz de um homem, mas era cheia de doçura e atenção. Percebendo a semelhança daquele toque com o toque que senti em minha pele na noite anterior, entrei em êxtase. Tentei a todo custo recuperar minha visão, para poder confirmar o que eu achava estar acontecendo, e que sinceramente desejava com toda a energia que me restava que realmente estivesse.
                Fechei meus olhos com esperança de que quando os abrisse o encontrasse ali, olhando para mim. Senti meu coração palpitar quando o fiz. Eu havia recuperado a visão, e ali estava ele. O forasteiro misterioso, cara a cara comigo, com os olhos negros penetrando nos meus, aparentando preocupação e seduzindo-me sem fazer esforço. Sorri e tudo o que pude dizer antes de cair desacordado foi:
                - Não tenha dúvidas de que agora eu estou perfeitamente bem!

Continua...

domingo, 2 de janeiro de 2011

Drácula Contemporâneo - Parte II - Na calada da noite


Algumas semanas se passaram após o estranho sonho que tive, apesar desse tempo, não consegui esquecê-lo. Toda vez que chegava em casa e deitava em meu travesseiro, as lembranças daquele encontro com o estranho forasteiro e o do sonho que o sucedeu, voltavam a minha mente e me desconcertavam. Infelizmente, o que eu mais queria não aconteceu, procurei-o por diversas vezes durante a noite quando deixava a praça e meus amigos e retornava a minha casa, mas a busca foi em vão. O estranho homem havia desaparecido sem deixar rastros. Pensei em perguntar a alguém sobre o individuo, mas com certeza meu interesse pelo estranho levantaria suspeita e acabaria entregando os sentimentos que aos poucos dominavam minha razão. Acabei me conformando com a necessidade de me manter em silencio e a conter minha curiosidade ao respeito daquele homem. E assim passei por todos esses dias.
A monotonia tradicional da minha cidade foi quebrada em uma noite dessas, não me lembro ao certo à data, mas me recordo que se tratava de um dia de semana. Eu estava  no ponto de ônibus aguardando a condução para me levar de volta para casa. Havia acabado de sair de uma consulta médica regular, a qual fui obrigado a fazer pela minha mãe, após muita insistência. Ocupava meu tempo observando a paisagem próxima, nada se via além das luzes que refletiam sobre o asfalto e janelas iluminadas em prédios residenciais um pouco distantes dali. Estava quase cochilando sentado só sob a proteção do ponto quando um barulho chamou minha atenção.
Apesar de não parecer muito próximo, reconheci de imediato a origem do som. Um casal estava transando e parecia empolgado, ao levar-se em consideração a intensidade dos suspiros. Não soube o porquê, mas senti vontade de procurar com precisão de onde vinha o som, e foi exatamente o que fiz. Deixei-me conduzir pela minha curiosidade e esqueci completamente do ônibus que estava aguardando há um bom tempo. Deixei o ponto e fui caminhando evitando fazer barulho ao pisar na calçada. E assim fui até ficar lado a lado com a entrada de uma pequena viela, onde geralmente se viam alguns adolescentes menores de idade tomando bebidas alcoólicas e experimentando outros tipos de drogas. Naquela noite porem os únicos presentes eram os componentes do casal. Estavam nus e pareciam não se preocupar com a possibilidade de serem flagrados.  Provavelmente tratava-se de um daqueles casais que se estimula com o perigo e procura sempre por formas inusitadas de encontrar diversão. A diversão deles tornou-se também a minha, vê-los ali me estimulou e me motivou a permanecer assistindo a cena, mesmo que a distancia. Passado alguns minutos de observação reconheci ambos, a garota era Janaina, uma das garotas com quem eu havia ficado afim de manter a fachada de heterossexual e o cara era Pablo, um dos meus antigos colegas de classe.
Pablo segurava a cintura da garota, tocando com desejo na tatuagem que era estampada em sua cintura e a moça reagia sem intimidar-se com o ambiente apoiando-se na parede descascada do lugar abusando da sorte ao emitir gemidos de excitação em alto e bom som. Ver Pablo movimentando-se inspirou minha imaginação, o corpo daquele garoto que ha pouco tempo atrás era franzino e sem graça era agora viril, não trazia traços de academia, mas revelava uma masculinidade exclusiva e bela. Os poucos pelos espalhados pelo corpo estavam visivelmente suados e naquele momento desejei senti-los tocar meu corpo. Janaina parecia totalmente satisfeita, seus gritos eram ainda mais altos quando o rapaz beijava seu pescoço e apertava seus seios arredondados e bem dispostos em seu corpo. Pablo tocava os mamilos rosados da garota constantemente, algumas vezes, a pressão que ele fazia com as pontas dos dedos era tanta que a garota reclamava. Havia uma certa brutalidade na relação dos dois, Pablo puxava os cabelos loiros e compridos da moça, mordia-lhe em diversos pontos repetidamente sem interromper a penetração, talvez esta brutalidade tenha sido o motivo do meu êxtase. Quando me dei conta estava tão excitado quanto o cara e desejava também poder sentir o toque daquelas mãos.
Pablo afastou-se da garota e naquele momento pude vê-lo com maiores detalhes, o que vi me motivou ainda mais a permanecer ali os assistindo. O problema veio depois, quando me dei conta que eu não era o único expectador daquela pequena aventura do casal. Estava distraído quando percebi que bem ao meu lado estava ele, o forasteiro, a quem por muito tempo desejei encontrar. Por um segundo quando o fitei diretamente nos olhos, pensei ver um sorriso escancarado e pervertido em minha direção, mas não tive tempo para constatar se era de fato para mim o sorriso. Senti o toque das mãos frias daquele homem em meu pescoço e aquilo me desnorteou, esqueci completamente de Janaina, de Pablo, e de tudo o que pudesse acontecer naquele lugar, só consegui me concentrar em um único ponto, onde o forasteiro deixava sua mão percorrer meu corpo. Por mais estranha e de certa forma ameaçadora que a situação pudesse parecer, minha excitação não diminuiu. Minha visão tornou-se turva e não pude enxergar com nitidez mais nada,mas sabia que ele ainda estava ali lado a lado a mim me tocando. Não senti respiração alguma vindo em minha direção apesar da distancia em que estávamos ter sido mínima. Tomei coragem e o toquei, contornei seu rosto gélido com minhas mãos, sem medo de ser visto por alguém acariciando um homem ou medo da reação daquele estranho. Fiz aquilo sem pensar e não me arrependi, a sensação era prazerosa e desconfortante ao mesmo tempo.
Fui interrompido quando ouvi as risadas e os passos se aproximando. Era o casal conversando sobre o fetiche que haviam realizado e saindo da viela. Quando me dei conta que devia me apressar e sair dali antes que fosse visto, o forasteiro estava longe. O vi partindo e corri atrás dele, tentando alcançá-lo e ao mesmo tempo evitar que fosse visto pelo casal.  Não consegui fazer nenhuma das duas coisas. O casal acabou percebendo que eu estava saindo dali e que provavelmente estava os assistindo o tempo todo e o forasteiro sumiu rápido demais antes que eu pudesse gritar pedindo para que ele esperasse. Sumiu em meio a escuridão da calada da noite, como se nunca estivesse estado naquela rua.
Senti-me inconformado, estive tão perto e nem seu nome descobri. Porém, não tive tempo para me consternar, o ônibus rumo a minha casa estava buzinando para mim. Eu estava no meio da rua, olhando para o nada com esperança de vê-lo mais uma vez. Não podia fazer mais nada, pedi desculpas ao motorista e entrei no veiculo .
Voltei mais uma vez a estaca zero.




Continua....