Sempre fui acostumado a ouvir aquelas histórias de terror. Como toda criança, Drácula, Frank Stein. Lobisomens e outras criaturas fizeram parte da minha infância estimulando minha imaginação e ao mesmo me amedrontando. O estranho é que nos últimos dias, me sentia cada vez mais próximo de um desses mitos, o Drácula. A partir dos meus doze anos, deixei de ser induzido pelos meus pais e esqueci toda aquela baboseira que me contavam. Vampiros passaram a existir para mim somente nas páginas de livros infantis.
O que eu não previa era que aos 19 anos, já um homem formado, eu pudesse voltar não só a acreditar nesse ser, mas também temê-lo ou algo do tipo. Moro em uma pacata cidade do interior, onde todas as notícias são amplificadas ao extremo, e onde mentiras, tornam-se verdades em questão de segundos, e é aqui que conto minha história.
Era um sábado como qualquer outro, a galera mais jovem se reunia na praça, os comerciantes ganhavam seu dinheiro, as crianças ainda brincavam no parquinho e nada diferente acontecia. Eu estava cansado, havia trabalhado naquele sábado, e não conseguia me concentrar no papo do pessoal. Minha cabeça estava distante e vazia. Aquela cidade me cansava, eram sempre as mesmas pessoas, as mesmas vozes, os namoros aconteciam entre parentes próximos, e tudo se limitava as fronteiras da cidade. Resumindo, era tudo um tédio total!
Para mim as coisas eram ainda mais difíceis, percebi desde cedo que algo estava diferente em meu comportamento em relação aos outros garotos. Enquanto a galera toda se reunia para falar com quem tinha ficado ou com quem pretendia ficar e ir para cama, eu me limitava a olhá-los. Meu olhar não era um simples olhar de atenção e sim de curiosidade, imaginava constantemente como seria estar no papel daquelas garotas que os caras sempre cobiçavam e de quem tanto falavam, imaginava como seria sentir o toque das mãos, dos lábios e toda aquela pegada que eles diziam ter. Enfim, sempre soube o que eu queria para mim, mas o problema é que por viver em uma cidade tão pequena, onde a vida privada era praticamente nula, era obrigado a suprimir meus desejos e vez ou outra sair com uma garota, fingindo estar satisfeito. Meu caminho até a adolescência resumiu-se praticamente nisso, fingir ser o que eu não era e dar asas a minha imaginação e alimentando ainda mais minhas vontades.
Como estava relatando, o cansaço estava me tomando naquela noite e decidi voltar para casa mais cedo. Despedi-me dos meus amigos e fui caminhando até lá. O clima estava quente, mas um evento súbito fez com que me estremecesse. O mais inesperado foi a figura que vi caminhando em minha direção. Era um sujeito totalmente desconhecido, nunca havia visto o cara na cidade antes, apesar da expressão pálida e cansada, estava bem vestido e era bonito. Os cabelos lisos e negros pareciam acompanhar a direção do vento com leveza, os olhos negros eram profundos e belos, apesar das olheiras que os rodeavam. Os lábios eram de um vermelho intenso que contrastavam totalmente com o branco exagerado da pele do forasteiro. Era um sujeito que com certeza despertaria medo e ao mesmo tempo atração em qualquer garota, e comigo não foi diferente. Na medida em que nos aproximávamos, parecia que o vento gélido seguia o sujeito e que meu temor crescia. Seria um assaltante? Um andarilho? Provavelmente não. O cara estava vestido com roupas modernas, e de marcas famosas as quais de longe reconheci. Apressei meus passos o máximo que pude, apesar da vontade de parar no meio do caminho e analisar com maior cuidado os traços do cara, o medo foi maior. Tudo o que é desconhecido inicialmente assusta.
Já em casa, não consegui evitar que por horas meu sono ficasse esquecido e que aquele estranho me intrigasse. Os sonhos que tive assim que adormeci, porém, me perturbaram ainda mais.
Estava em casa, na minha própria cama e o mesmo vento frio que me arrepiara a pouco na rua fez com que a janela do meu quarto se abrisse. Em alguns minutos, senti um arrepio mais intenso, como se estivesse em meio a neblina matinal que encobre o céu das regiões serranas. Era uma sensação agradável, mas incomoda. Trazia consigo um certo pavor desconhecido. As sensações frias não forma interrompidas. Pude sentir uma mão tão gélida enquanto tudo o que me cercava, percorrendo sorrateiramente o contorno dos meus lábios. Senti vontade de acordar, mas algo me impedia. A mão prossegui, agora entrando por baixo da minha camisa, contornando suavemente toda a área ao redor do meu umbigo. Naquele momento, fui incapaz de reagir, desejava receber ainda mais carinhos. A mão subiu até meu peito. Pude sentir a ponta de um dedo delicado contornando meus mamilos, cheio de ternura. Aquele era com certeza um daqueles sonhos que me fariam acordar em êxtase, almejando que tudo tivesse sido real . A mão de repente perde o contato com a minha pele, sinto lábios em meu pescoço. Tão frios quanto as mãos, tão quentes apesar da temperatura real, aqueles lábios me fizeram perder os sentidos. O beijo era intenso. Podia sentir cada linha daquela boca que meus olhos não me permitiam enxergar me tocando e me perturbando. Quando menos espero o susto. Decido abrir os olhos e vejo o forasteiro. Com seus olhos penetrantes e suplicantes, tão cheios de si, mas ao mesmo tempo tão carentes de algo que eu era incapaz de imaginar o que era. O empurrei, não sei porque fiz isso, mas o fiz. Não pude perceber quando, mas de imediato estava novamente sozinho em meu quarto.
Realmente havia sido um sonho! Não havia como ter sido nada além disso. Um sonho!
Olho para janela e a vejo aberta. Já não sei de mais nada. Eu não a havia aberto. Então quem o fez? O forasteiro?Preciso esclarecer minhas duvidas. Antes que chegue a loucura.
Continua...
noossa gosteii desse qeroo ve a continuaçaoo !
ResponderExcluirQue sonho maravilhoso... O melhor de tudo é sonhar, pensar naquele carinha que vc viu ou está rsrs deixa eu parar se não vou ser muito vulgar rs
ResponderExcluirAss:MRL