Ser um aluno de escola publica não era uma das coisas pela qual eu mais me orgulhava, os professores em sua maioria eram relapsos e só se importavam com o salário mixuruca que receberiam ao final do mês, a coordenação era fraca e não sabia administrar as verbas disponibilizadas pelo estado, eram incapazes também de controlar os alunos. O cenário físico era tão deplorável quanto toda a situação organizacional da escola, o patrimônio espalhado por todo estabelecimento era coberto por pichações cujos tamanhos variavam das menores escalas, quase imperceptíveis aos olhos, até aos mais exagerados, os quais com certeza não poderiam ser ignorados por qualquer um que os avistassem.
Todos esses fatores tornaram-se gradativamente empecilhos para minha vontade de continuar buscando meu melhor, apesar de sempre ter sido um bom aluno, cansei-me logo. Esforcei-me em todo o período escolar, sendo sempre o primeiro a fazer, entregar, e algumas vezes até passar cola dos trabalhos requeridos pelos professores. Recordo-me bem, estávamos no final do período letivo e eu prestes há completar 16 anos, quando tudo isso mudou. Uma grande confusão se passava em minha cabeça, o lance que aconteceu com meu ex-cunhado, ainda deixava marcas inapagáveis e me perturbava, não pelo fato de me arrepender do que eu havia feito, mas sim por ter certeza que encontrá-lo novamente seria inviável.
Já tinha ouvido milhares de reclamações dos professores sobre minha mudança súbita de comportamento, mas assim como todo o conteúdo inútil que eles tentavam me passar, eu deixava que as advertências entrassem por um ouvido e saíssem pelo outro com uma velocidade superior a que entraram. Ao contrário do resto da galera, eu não estava nem um pouco preocupado com os resultados que eu iria obter naquele ultimo bimestre, já havia fechado todas as matérias, com exceção de uma única, e não tinha muito que temer.
Assim fui levando os últimos dias na escola, ia as aulas, mas ficava em meu canto dormindo, ou olhando pra um carinha do terceiro ano, que ficava todos os dias no pátio, bem a baixo da janela próxima ao lugar onde eu usualmente me sentava. Cada dia o cara estava paquerando uma garota diferente. Eu não me impressionava que elas se arrastassem e matassem suas aulas para ir atrás dele. O cara era um tremendo gatinho, devia estar próximo de completar 18 anos, mas aparentava minha idade, o que não impedia que ele exalasse um charme tão irresistível quanto os outros caras da sala dele. Não sabia muito sobre ele, ele era ex-namorado de uma das amigas de Sabrina, por isso acabei descobrindo o nome do cara. Era a informação mais pessoal que eu havia conseguido sobre ele, desde que eu havia entrado na escola. Lucas era baixinho, estilo meio marrento, sempre com o boné de lado sob a cabeça, aparelho nos dentes e um físico razoável. Ele era magro, mas mesmo assim tinha um corpo saudável e bem cuidado. Todos os dias chegava ao portão da escola sem camisa e este era o momento do dia que eu mais gostava de vê-lo. Tinha um tanquinho discreto, mas não menos belo e preservava em seu corpo todos os pelos que começavam a nascer. Seu peito começava a ser dividido por uma camada de pelos finos, a mesma que aparecia ao redor de seu umbigo e logo abaixo do seu braço.
Foi num dia desses, quando eu estava entretido assistindo a mais uma vitima do cara ser engabelada, que meu professor de espanhol chamou minha atenção. Quando me dei conta, senti que os olhos de todos na classe haviam se voltado para mim, e que meu professor encarava-me com impaciência e raiva estampada na face.
- Não sabia que a aula estava do lado de fora da sala. – O tom irônico não estava implícito, meu professor fez questão de demonstrá-lo sem medo.
- Desculpa professor, o senhor me perguntou alguma coisa?
- Ah!! Olha só pessoal, o Gustavo quer saber se eu perguntei alguma coisa para ele, alguém poderia responder pro nosso colega aqui? – A ironia não desapareceu.
Não demorou muito até que um braço se levantou na parte da frente da sala. Era Beatriz, uma daquelas nerds chatas que fazem tudo para agradar o professor, ultimamente ela andava muito satisfeita, eu era seu maior e único concorrente e agora mal dava atenção ao que era dito nas aulas. Acabei deixando o mérito todo para ela.
- O professor acabou de te passar um trabalho de recuperação Gustavo. Parece que espanhol não é o seu forte e você vai ter que redigir um texto com no mínimo 10 mil palavras sobre gravidez na adolescência. Em espanhol é claro. – O sorriso não saiu nem por um segundo do rosto da garota.
- Anotou? – fui inquirido pelo meu professor.
- Ta na cabeça! Para quando isso?
- Quinta, e acho bom você caprichar, eu acho que a diretora não vai ficar muito satisfeita em saber que o melhor aluno da escola repetiu em espanhol. Você deve estar ciente de que sua nota depende totalmente disso para você ser aprovado na disciplina não é?
- Estou sim.
Para meu alivio, o sinal anunciando o intervalo, fez com que a sala se esvaziasse em segundos e que todos aqueles olhos que me rondavam como urubus desaparecessem aliviando meu constrangimento. “Pelo menos ninguém sacou para quem eu estava olhando”. Pensei comigo. Recolhi meu material e sai junto com o restante da turma.
A galera que eu costumava andar havia faltado aquele dia e eu me vi totalmente isolado em meio aos outros alunos no pátio. Sentei-me em uma das mesas do refeitório e comecei a pensar. Se havia uma coisa que eu não estava nem um pouco a fim de fazer naquela escola era mais um trabalho chato, ainda mais de espanhol, e com tantas palavras, sempre detestei a disciplina e estava feliz por saber que aquele era o ultimo ano que teria o idioma presente me minha grade curricular. Pensei em ir até a biblioteca pegar algum livro de espanhol para me auxiliar, mas a preguiça tomou conta de mim. A idéia de ir até o laboratório de informática também foi logo suprimida por ela. Não sei o que estava acontecendo comigo, mas eu estava totalmente dominado pela preguiça, pelo menos aos assuntos relacionados aquela escola. Por outro lado não queria e não podia ser reprovado. Meus pais provavelmente cortariam minha mesada e eu ia acabar atrasando meus planos futuros.
A cada minuto mais que eu pensava no que fazer, ou por onde começar o maldito trabalho me sentia menos animado para fazê-lo. Tirei meu caderno da mochila e joguei-o sobre a mesa, tentei começar uma leitura sobre algumas dicas que o professor passou ainda no começo do semestre para utilização do idioma na escrita de textos, mas cansei-me na primeira linha que li. Uma companhia inesperada, porém, fez me esquecer parcialmente a preguiça que me afligia. Lucas com o sorriso metálico meio forçado pediu licença e sentou-se ao meu lado. Abriu também sua mochila, retirou um livro e começou a resolver alguns exercícios. Logo percebi que era de matemática. O perfume do cara era tão bom quanto sua aparência física, era doce, mas não chegava a ser tão adocicado como perfumes femininos. Observando-o por baixo do braço, fingindo ainda ler meu caderno de espanhol, percebi que ele resolvia com facilidade as equações do livro, e esboçava a cada exercício completo um sorriso. Dei-me conta também que as demais mesas do refeitório estavam praticamente vazias, não havia motivo algum para Lucas ser obrigado a dividir a mesa comigo, e muito menos sentar-se ao meu lado, tão próximo. Minha cabecinha fértil começou a imaginar inúmeras coisas quase de súbito.
O cara me deu mais motivos para que eu encontrasse outras esperanças e motivações em minha mente pervertida. Em alguns minutos, deixou de lado o que estava fazendo, pelo visto havia concluído tudo o que havia deixado pendente e agora estava interessado em descobrir o que eu fazia. Percebi Lucas parado olhando para mim sem disfarçar, e sem deixar de sorrir. Aproveitando a deixa, levantei meu rosto que até então estava fixo em uma linha rabiscada com meu garrancho, atoladas de palavras em espanhol e o olhei também diretamente.
- Você é irmão da Sabrina num é não leque?
- Sou sim cara. Lucas é seu nome certo?
- Isso. Tá difícil ai? – disse ele apontando com a cabeça em direção ao meu caderno jogado na mesa.
- Sinceramente tá um pouco cara, sou péssimo em espanhol, e pra ajudar to com muita preguiça. Sei lá o que deu em mim, não to com a mínima vontade de fazer isso. Só que a minha aprovação depende disso!
- Pelo que eu ouvi falar de você por ai nos corredores da escola isso não é muito típico do seu comportamento. Não é você o queridinho dos professores?
- Foi o que eu disse, a preguiça me dominou!
- Se quiser cara, to aqui e posso ajudar.
Foi estranho aquilo, mas não contive meu riso. Lucas ficava o tempo todo paquerando no pátio. Como ele ia poder em ajudar com alguma coisa? Tentei não soar muito maldoso ao expor o que pensei, mas acho que não fui efetivo.
- Não me leva a mal, mas o que você sabe de espanhol? Você fica o tempo todo no pátio. Você é autodidata?
- Tem muita coisa sobre mim que você não faz idéia Gustavo. – O olhar do cara voltou-se ainda mais fixo em meus olhos, pude reconhecer de imediato a pretensão nele oculta. .- Se eu fico no pátio, é por que eu não preciso das aulas, minhas notas são tão altas quanto as suas, até mesmo em espanhol. Tenho facilidade em aprender sozinho, só venho a escola para conseguir a bendita certificação que todo mundo pede, caso contrário nem pisaria aqui.
Toda aquela historinha de autodidata não me convenceu nem um pouco, o papo do cara parecia artificial demais, mas as segundas intenções que se encontravam ali embutidas eram totalmente concretas, e não me deixavam duvidas. Estava balançado é claro, mas não podia arriscar minha nota final de espanhol, só para satisfazer meus desejos e resolver o meu problema com a preguiça. Fiquei meio que entre a cruz e a espada, mas por fim acabei me decidindo em dar corda a Lucas.
- E você vai simplesmente me ajudar com o dever de espanhol sem cobrar nada de mim? No mínimo vai querer me extorquir, pelo menos eu no seu lugar faria isso. - Admiti sério.
- Claro que não. – Lucas sorriu ainda mais.
- Sabia! Era obvio isso! Quantos reais?
- Meu preço não é em dinheiro leque.
- Hã?
- Não quero seu dinheiro, mas também não vou fazer nada de graça.
Comecei a me encabular, na verdade não estava entendendo mais nada.
- Lucas, fala direito. Explica o que você quer! Odeio enigmas.
- Relaxa! Tá pilhado mesmo hein. Bom, na hora certa eu te digo o que é, mas eu tenho certeza que o meu preço vai acabar sendo um presente para você também. Quer que eu te livre dessa ou não?
Não sei por que, ou apenas fingi não reconhecer o motivo pelo que eu fiz aquilo, mas sem hesitar topei.
- Fechado.
Depois de explicar todos os detalhes sobre o que deveria ser feito no texto que o professor havia me recomendado, e explicitar cautelosamente como eu queria que fosse feito, deixei Lucas sozinho na mesa, porém os pensamentos que ele me provocou não ficaram ali. Enquanto caminhava de volta a sala, ao ouvir o sinal que anunciava o fim do intervalo, estimulei ainda mais a minha imaginação, eu no fundo sabia a moeda de troca do cara, mas não queria me iludir e por esse motivo, procurei em minha mente outras opções que pudessem se encaixar na conversa dele. Provavelmente eu seria obrigado a limpar os tênis dele por uma semana, passar suas roupas, ou algo do tipo. Não deveria ser nada demais. Mas se ele disse que o preço dele acabaria me agradando, com certeza essas opções eram incoerentes.
Tradicionalmente continuei a observá-lo da janela da minha classe, e também tradicionalmente, uma das colegas de classe do cara estava sentada colada lado a lado dele. Foi com os olhos fixos naquela janela e com os pensamentos tão fixos quanto meus olhos naquele cara que terminei meu dia. Retornei para casa, jantei com a família, dormi relativamente bem e assim que o sol deu seus primeiros sinais, despertei para começar minha quarta feira monótona na escola.
Mais uma vez, minha galerinha matou aula, e para minha insatisfação, ninguém me avisou nada. Atravessei o corredor imenso até minha sala sozinho, procurando lugar em meio à multidão de estudantes das várias séries, todos tagarelando feito matracas sem trégua. Avistei de longe aquele sorriso inocente de Lucas, e ele pareceu ter me visto simultaneamente, achei estranho quando percebi que ele estava correndo em minha direção, abrindo espaço em meio à galera, para chegar até o ponto onde eu me encontrava estático. Percebi em suas mãos uma folha de papel, bem conservada, quase sem dobra alguma e junto a esta, uma outra folha de caderno, a qual parecia ter sido recém- arrancada.
- O texto tá na mão, e sua divida está ai também, é só você ler e pagar. To indo pro pátio, depois a gente se fala.
Não gostei da rapidez com que ele falou comigo, foi de certa forma grosseiro, nem ao menos me deixou responder, ou questioná-lo por causa de suas meias palavras que até então não me faziam sentido algum. Mas era estranho como eu era incapaz de sentir raiva daquele cara, se fosse qualquer outro, aquele comportamento ríspido teria me irritado profundamente e seria um motivo mais que suficiente para eu discutir com a pessoa. Aquela carinha de anjo não me permitia sentir raiva, pelo contrário, só me fazia desejar estar cada vez mais próximo dele.
Fui meio que empurrado para dentro da sala pelo meu professor de Biologia, entrei anestesiado e sentei em meu lugar. Tomei em minhas mãos as duas folhas de papel, a letra de Lucas era bonita, apesar de não ter sido feita com aquele capricho que eu estava acostumado a ver no caderno das meninas da minha sala, tinha uma rusticidade que a tornava bela. Dei uma lida pro cima no texto sobre gravidez na adolescência, apesar de eu pessoa mais recomendada para fazer a correção deste, percebi que estava bem escrito e aos meus olhos parecia não haver erros de linguagem, provavelmente seria o suficiente para garantir minha aprovação. Fiquei meio receoso ao olhar para o outro papel, tinha medo do que me esperava, apesar de estar morto de curiosidade. Com um pouco mais de tempo, tomei coragem e desdobrei a folha de caderno, escrita com a mesma letra, mas desta vez em dimensões um pouco menores. Fiquei ainda mais extasiado quando terminei de ler. O bilhete dizia:
“ Minha parte foi cumprida da melhor forma que pude, agora espero seu pagamento, estarei depois do intervalo esperando por você no ultimo Box do banheiro masculino, no bloco II. Até lá, aguardarei ansioso pelo meu pagamento.”
Engoli seco e senti meu rosto corar, deixando a tonalidade pálida da minha pele de lado. Se Lucas realmente estava planejando o que eu suspeitava, eu estaria me sentindo muito feliz naquela hora, seria ótimo, mas o grande problema estava no fato de estarmos na escola, e de onde ele pretendia receber seu pagamento. Não queria refutar aquela oportunidade, mas também não estava disposto a me queimar mediante a escola toda. As possibilidades de um flagrante, apesar de reduzidas, visto que no bloco II, quase ninguém passava durante o segundo período, ainda existiam e me amedrontavam. Existia ainda a possibilidade de Lucas estar querendo pregar uma peça em mim, e se todo aquele teatro fosse só uma farsa dele com intuito de jogar ao vento por toda a escola que o melhor aluno gostava de homens? Aquilo me assustava e me deixava muito inseguro. Arrependi-me profundamente de ter sentido preguiça de fazer aquele texto, de ter aceitado a proposta do cara e de ter alimentado tanto minha imaginação. Mas era tarde demais, eu tinha palavra, e se eu havia topado paga-lo com o preço que ele quisesse estipular, era o que eu deveria fazer.
Observei meu próprio comportamento durante todo o primeiro período, olhava em vão para a janela, dessa vez Lucas não se encontrava ali no pátio, percebi minhas pernas inquietas, se batendo uma na outra repetitivamente, minhas mãos suavam, meu coração estava acelerado e meus pensamentos acompanhavam seu ritmo. O sinal anunciou o ápice do meu nervosismo, não cheguei nem mesmo a ir ao intervalo, me dirigi diretamente ao bloco II e entrei no ultimo Box do banheiro. Sentei-me no vaso sanitário, relativamente conservado, em relação aos dispostos no banheiro do bloco I e ali passei os últimos minutos de aflição aguardando por ele. Li todas as pichações que estampavam a porta do Box, desenhos de pênis eretos, declarações de amor e outras centenas de palavrões e nomes se espalhavam, cobrindo praticamente toda a porta. Foi quando distraído lendo uma dessas declarações de amor, ouvi o rangido da porta principal do banheiro, peguei meu celular do bolso e conferi a hora. O sinal estridente confirmou que o intervalo havia chegado ao fim e pontualmente, Lucas estava entrando no banheiro, cobrar o que era seu de direito. Senti certa incerteza me dominar, não sabia se estava agindo corretamente em estar ali, em render minha razão aos meus desejos de uma forma tão exagerada. O que acontecera com Sérgio não se comparava em dimensões de risco com o que eu estava proposto a enfrentar. Mais uma vez, um dos sete pecado capitais acabou me levando a fragilidade e me deixou exposto aos meus desejos. Dessa vez a preguiça de fazer um texto inútil de espanhol era a responsável.
Ouvi os passos se aproximarem e pude em menos de alguns segundos observar os tênis de Lucas sob a fresta da porta do Box. Fiquei aliviado por saber que era realmente ele, e que estava sozinho. A sensação de estar caindo em uma armadilha tornou-se praticamente escassa naquele exato momento. Percebi que Lucas se abaixou, conferindo meus tênis, para certificar-se de que não estava cometendo nenhum engano. Eu não sei por que, mas sem dizer nada, destranquei o trinco da porta e soltei-a. O cara percebeu e logo abriu.
- Sabia que você não era caloteiro! – Mal pude perceber, mas enquanto falava Lucas já me havia tomado em seus braços.
- Eu...eu não costumo dever a ninguém.
Lucas me tinha em seus braços, me segurava firme, pude sentir seus músculos juvenis me envolverem por inteiro, seu corpo estava totalmente colado ao meu, seus olhos fixos em minha boca, com ar sério, mas irresistível. Senti sua mão percorrer minhas costas carinhosamente, a pegada era forte, me arrepiava. Seus dedos deslizaram até minhas nádegas. Lucas demorou-se ali, parecia contorná-las com os dedos, sempre com pressão e desejo. Aquilo era novo, mas era irresistível, pude sentir meu corpo amolecer enquanto o cara tomava cada vez mais controle da situação. Estava de olhos fechados, mas assim que os abri, vi a porta do Box ainda aberta, aquilo me deixou nervoso e apreensivo, me desvencilhei dos braços de Lucas e tranquei novamente a porta.
O fato de eu ter me afastado não afastou o cara. Ele me agarrou por trás, pude sentir todo o êxtase de seu corpo, sua respiração era acelerada, seu corpo trêmulo e seu pênis estava irresistivelmente excitado por dentro da calça. Senti-me perdendo ainda mais as forças e todo meu poder de resistência, sem dizer muitas coisas, Lucas tinha todo o poder de fazer comigo o que quisesse, eu seria incapaz de recusar o que quer que fosse. Virei-me e impulsivamente o beijei, seus lábios eram macios, seu beijo molhado e carinhoso, havia ternura em tudo o que aquele cara fazia, mas a sensualidade não o abandonava. Ele continuava a tocar-me pro trás enquanto me beijava, sempre com firmeza e vontade nas mãos, sentia minhas nádegas se encaixarem perfeitamente em suas mãos grandes e percebia que propositalmente ele forçava eu corpo junto ao meu, de forma que nossas barrigas se tocavam, bem como nossos órgãos do prazer, que a essa hora estavam enlouquecidos.
Decidi ousar e enfiei minhas mãos por dentro da camisa daquele homem enquanto ele continuava a me beijar, chupando e mordendo meus lábios e língua ardentemente. Sentir os contornos daquela barriga definida era muito bom, cada pequeno fio de pelo que nascia no corpo em desenvolvimento do cara, o deixava ainda mais irresistível ao toque, era como se estivesse acariciando algo aveludado, mas viril, forte, e que me trazia sensação de segurança. Percebi que quando toquei seus mamilos, Lucas cedeu, pareceu ter ficado tão fraco como eu fiquei com seu toque, e resolvi progredir, puxei a camisa do cara e o beijei. Beijei seu peito com vontade e curiosidade, ouvi-lo suspirar de satisfação só me estimulava a continuar, encaixei minha boca com êxito em seu mamilo e deixei que meus lábios o molhassem. Percorri cada músculo daquela barriga com minha língua e fui induzido pelas mãos de Lucas a descer.
Ele mesmo abriu seu zíper e despiu-se de tudo que cobria seu pênis. Parei por alguns minutos e o fiquei olhando, era incrível, mas com certeza Sergio não era páreo para Lucas, apesar de ser consideravelmente mais velho que ele. A tonalidade avermelhada tornava-o ainda mais tentador, era como um convite para que eu aproximasse meus lábios, e foi exatamente o que fiz.
Com suavidade o toquei e deixei que aos poucos Lucas o acomodasse como preferia. Percebi os movimentos que o cara fazia com a cintura e aquilo me deixou ainda mais excitado. O Pênis de Lucas deslizava a medida que entrava e sai da minha boca. Os suspiros abafados do cara não cessavam e me deixavam doido. Inesperadamente, fui tomado nos braços por Lucas e recebi outro beijo ardente.
Lucas me virou e beijou minha nuca, me arrepiando totalmente, fez com que eu me apoiasse na porta do box e apertou-me contra ela, pude sentir seu órgão despido sobre minha calça, e não tardou até que senti Lucas abaixá-la. Ele ficou por algum tempo carinhosamente me prensando contra a porta, nossa pele se tocando nos pontos estratégicos onde nossas calças haviam sido abaixadas, bem como nossas cuecas. Sentir o membro de Lucas, ardente me minha pele era muito bom.
Aos poços percebi o que Lucas queria, não sabia se estava pronto para aquilo, mas não podia negar que queria muito. Aquele pensamento de me guardar para a pessoa certa foi enxotado para um lado esquecido da minha cabeça, no exato momento em que senti Lucas começando. Era incrível como apesar do desconforto da situação, da dor e de todo o nervosismo ele conseguia me enlouquecer. Tê-lo pouco a pouco, cada vez mais ligado a mim, era perfeito e irresistível.
- Calma Gu, tenta se controlar, você está gemendo um pouco alto demais, tenta se controlar, alguém pode entrar! – Lucas suspirava em meus ouvidos.
Só naquela hora me dei conta de meus suspiros um tanto quanto exagerados para o ambiente, tentei controlá-los, mas fui incapaz de extingui-los, o máximo que pude fazer foi diminuir seu tom. Poderia ficar ali por horas se me deixassem, me sentia completo e cada vez mais seguro. Segurança era o que eu sempre havia procurado, e agora eu tinha certeza disso. Essa segurança eu havia encontrado no sexo. Lucas era perfeito naquilo.
Senti que seu corpo começou a suar e apesar de não ser um dos maiores fãs de suor, aquilo não me incomodou. Uma sensação estranha me dominou, senti o pênis de Lucas de uma forma estranha dentro de mim. Achei estranho quando ele se afastou, mas não resisti. Lucas virou-me, de forma que nossos olhos se encontraram novamente, Pude ver o mesmo brilho do aparelho dental do cara em seus olhos, ele estava satisfeito. Lucas pegou minha mão direita e fez com que eu o tocasse, em pouco tempo a senti molhada.
A sensação foi ótima e imediatamente fiquei da mesma forma que ele. Lucas recompôs-se e me beijou carinhosamente, para se despedir, sussurrou novamente em meus ouvidos:
- Espero que essa sua divida tenha sido tão prazerosa de ser paga para você como foi para mim. Confesso que desejei muito isso.
Com um beijo na testa o cara me deixou abrindo a porta do Box e em seguida a do banheiro. Recompus-me e só naquele momento me dei conta do que havia acabado de acontecer. Teria motivos de sobra para me arrepender, mas pelo contrário, me senti satisfeito e de certa forma orgulhoso.
Recordei-me de tudo o que rolou por muito tempo. No dia seguinte, entreguei a meu professor o texto, confesso que tive receio, temi um pouco pela minha nota final, mas estava dominado por uma confiança cega naquele cara com quem eu havia tido a minha primeira vez que mal me importei com isso. O resultado veio logo no dia seguinte, na sexta feira fui elogiado em meio a toda classe pelo excelente texto que havia desenvolvido e minha aprovação não era mais incerta, agora se tratava de certeza.
Foi assim, livre de qualquer perigo e arrependimento que mergulhei de cabeça no meu segundo pecado capital. A preguiça.
Aguardem, próximo conto dá série VAIDADE.